sábado, 26 de março de 2011

Nós




Palavras leves, gestos contidos, um plano, uma paralela, um passo!
Onde o desatino? Tomar um rumo num gole só.
Olhar o prumo da linha do horizonte.
Interromper o filme angustiante, película de tortura.
Me desatar do nó de marinheiro da loucura
que não faz nada além de me negar a cura.
Partir sem fardos, distribuir o peso do impossível,
me descartar das teias do ilusório.
Caminhar nua.
E processar com a máxima doçura o meu esperado ser.
A esperança é um desejo.
Podemos esperar o que não desejamos?
Ser argila e não se modelar?
Desfiar a fibra sempre em linha reta?
Segurar a língua e desviar a seta?
Ser manso e dominar a fera?
Dar a face e esperar o tapa?
Entregar o ouro e festejar miséria?
Levar o tombo e rir da queda?
Ser louco é fácil, o difícil é recriar a tela.


(Suzana)

Nenhum comentário:

Postar um comentário