quinta-feira, 24 de março de 2011

Diálogo das íris












Espero um dia o teu olhar desabotoado. Ver a tua íris direita arrepiada.
Por descuido, por calor, que seja de propósito ou por despudor.
E falar diretamente a ela sem me distrair com a música dos raios.
Simplesmente falar a tua íris com a linguagem das chuvas.
Primeiro com palavras de garoa
para que tua íris não se intimide com o movimento das nuvens.
Para que tua íris entenda o idioma das águas.
Espero um dia o teu olhar desarmado. Ver a tua íris direita nua.
Por descuido, por calor, que seja de propósito ou por despudor.
E falar iluminadamente a ela sem me distrair com o bailado das chamas.
Primeiro com palavras das fagulhas
para que tua íris conheça a tradução do fogo.
Para que tua íris seja incendiada sem dor.
Espero um dia o teu olhar aéreo. Ver a tua íris direita seduzida.
Por descuido, por calor, que seja de propósito ou por despudor.
E falar apaixonadamente a ela sem me distrair com o barulho das ruas.
Primeiro com palavras da brisa
para que tua íris não se retraia com o discurso do vento.
Espero um dia o teu olhar sereno. Ver a tua íris direita aquietada.
Por descuido, por calor, que seja de propósito ou por despudor.
E falar talvez em esperanto para que tua íris compreenda a universal linguagem que o amor professa tanto.
E quanto.

Ou..."Diálogo das íris"

(Suzana)


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