sábado, 26 de março de 2011

Rimas em férias



Entre linhas caminho displicente sem reter a língua.
Deixo que as palavras tirem férias.
Tiro conselhos da manga. Empresto guarda sol e canga.
Sugiro que desçam a serra e encontrem bromélias, que procurem seixos, que descubram veleiros, que conversem com mangues e se deixem dourar.
Que não usem de rede nem de arpão. Que não pesquem fora da estação.
Que reservem sempre ao coração a decisão do sim, do não. Que não contem o tempo pela lua nem pelo sol que nasce todo dia, porque a medida certa é sempre aquela que deixa o tempo com outra tessitura.
Que desafiem sempre que possível o que parece próximo do insondável, e se permitam vagabundear em outra arquitetura.
 Pelas tardes, pelas pedras, pelos diques e verdades.
Que não se esqueçam de destacar do todo o bom detalhe e não se percam no caos que anda aos bandos.
Que se protejam de vigílias e mormaços, que evitem o pulsar descompassado que costuma atordoar os bardos.
Que se alimentem na franja do horizonte e que renasçam na linha do retorno.

Ou: Rimas em férias
(Suzana)

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