quinta-feira, 24 de março de 2011

Caronas



Acordei com bagagens antigas. Uma mochila vermelha que eu tinha. Dentro dela rosas de maios e chuvas de setembros. Na alça intacta do tempo caronas arriscadas. Gorros coloridos e uma fivela aperolada. Um livro de poemas com frases destacadas, um all star surrado e batas alvejadas. Eu tinha o olhar inquieto que procurava o novo. E o novo procurava o meu olhar escancaradamente. Dentro dela uma estação de trens desativada e um café que atravessava a noite aberto ao som de flautas. Brincando de argonautas em plena madrugada o ouro era o risco e a gargalhada. Onde a história do teu sono quando eu me arriscava? De qual canção gostavas? Dentro dela estrelas acordadas. No zíper lateral eu tinha estradas. No chão o orvalho e um trevo cultivado. O dedo polegar afortunado. Onde era a tua casa? O que fazias nas tardes de domingo? Perguntas que nasceram no fecho interno.

Ou... "Caronas no tempo"

(Suzana)

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