Ela diz ter essência. Eu acredito. Falo da essência dos que não perdem o fio de si. Falo da essência que transcende a imagem. Acredito então que a essência dela é imagem pura. Natural dos que sabem que a vida é um espetáculo divino de intermináveis cenas inéditas. Ela me conta os trajetos pessoais. Iluminadas fotos de tempo e de lugar. Ela congela os cenários e os derrete a passos miúdos. Contorna as bordas retocando escuros. Ela diz que tem o pé seguro. Bicho do mato fareja as armadilhas. Ela tem buscado desenhos novos. Revolve os rascunhos do ontem sempre solenemente, como se folheasse atentamente um álbum de fotografias e decretasse - It is this there. Ela anda por dentro. Com a alegria de quem descobriu surpreendentes senhas de si mesma e inventou o próprio ritmo. Gosta de tango. Mas “o tango é um pensamento triste” entre corpos e passos felinos. Traições em duelo de piano e violino!? Onde habita a alma da menina? Ela diz ser feliz. Eu acredito. Falo de tribo. Ela gosta de instantes. Gestação de flores!
(Suzana)
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