"Atada em cordas de um instrumento invisível ressôo saudade. Caminho por acordes imprevistos. Deslizo em ecos transbordantes de risos. Reescrevo partituras de desejos. Para em seguida recompor teus beijos. Saio à cata de notas transversais.”
Desenhar poemas não tem a força de viver poemas. A alquimia de transformar pessoa em poesia inexiste. No teu caso. Porque as palavras nascem velhas diante da sempre nova e exata alegria. E desacatam a rima antes que se exprima. Polir o verso ao brilho da vida que acontece é salto de acrobata. Um golpe de esgrima. Porque a sensação retida é abstrata. E antes que esse verso salte e retrate a tua graça, já se mesclou em outro que a relata. E assim numa caçada a versar momentos vivos a aprendiz poetisa se curva e se descarta. Arrebatada. Traduzir o riso que surge entre os teus olhos? Teu sono aquietado? E o teu pensar profundo? Tua temperatura grata. Essa marcha libertária. E essa sonoridade da tua gargalhada. Que verso posso que seja afiançável? E que fiel revele o teu retrato.
Onde busco rimas? Onde capturo uma palavra que componha a tua realeza? Arrisco um tema, mas ele se intimida engolido pelo turbilhão da tua presença. Sou persistente e corro atrás dos teus silêncios. Neles me defronto com paisagens sempre intensas, caminhos esculpidos em roteiros transmutados, vôos milimetrados, rasantes calculados. Ressurreição! Como ousar teu intangível? A aprendiz poetisa cala a heroína. E troca a pena pelo olhar.
(Suzana)
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