segunda-feira, 11 de abril de 2011

Quando...





Quando eu estiver sozinha e o campo semeado.
Verde tela em meio a brisa do outono
a lareira acesa, o chá na mesa,
e da janela romper uma franja de sol alaranjada
adocicando a lágrima da solidão...
Quando eu estiver quieta
mutismo infinito de quem comunga uma neblina de saudade
e me encolher como um gato em busca de calor
como um gato em mansidão de gesto  e olhar.
Quando as portas não tiverem mais saídas e a própria poesia se calar
quando a música, suave sinfonia, preencher os espaços do interior
e toda a casa for refúgio e lar.
Quando vieres com frio e eu te der o meu abraço,
e proteger tua cabeça com meu gorro de lã
e nossas almas se reconhecerem irmãs
e calcularmos definitivamente há quanto tempo!
Quando todo o corte estiver fechado e nenhuma cicatriz permanecer,
quando novamente sentares em meu espaço
e dividires comigo o teu menino coração.
E eu te mostrar o meu, de pés no chão, 
completamente esquecidos de qualquer friagem ou rancor.
Quando o tempo da paz pousar no outono
e o mútuo debruçar acontecer
nós saberemos (não tardiamente) "perceber".
Não me lançarás a pedra
não te levantarei a espada da palavra
por termos tecido um dia na trama de nossas vidas “o desencontro das linhas”
por termos caminhado nas paralelas dos trilhos
por termos inventado em nós o sonho dos andarilhos.
Tomaremos pois o chá num abraço de olhares aquecidos.

Ou "Doce erva”

(Suzana)

Nenhum comentário:

Postar um comentário