terça-feira, 12 de abril de 2011

Tu sabes...


Manhãs secas e caladas numa estrada pó de arroz da terra.
O tronco emudecido de saudade do orvalho acende a mata em chamas.
A imagem do cascalho no solo.

A noite maquiada de fumaça.
Uma estrela angustiada e sem graça namora uma lua velada.
No ninho do pássaro adormecido há folhas cobertas de tardes.
Numa taça de vinho e na vela perfumada um momento entre a dúvida e a entrega.
Poemas construídos de mãos e peles.
Rimas do amanhecer.
Estrofes de vento e fogo.

Num olhar difuso um carinho silencioso.
Um beijo numa madrugada de delícias.

Um pouco de abandono num riso partilhado.
Um pacto sobre o abstrato na troca do passado.

Rascunhos do futuro.
E na labuta de preparar canteiros do presente semear o existirmos mesmo à margem.
Tu sabes, a primavera não perdoa a terra sem aragem.

Ou "Ao pé do ouvido"
(Suzana)

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