Um depoimento aberto seria impublicável. Teria que mascarar palavras. Teria que ocultar as letras. Sem revelar. Trabalho por demais secreto, por demais cifrado, trabalho impossível.
As palavras são indomáveis aves e denunciam a migração. Elas voam e cumprem seu destino. Meu vôo aqui se faz no teu particular espaço vermelho. Onde a palavra anda nua, onde a palavra não se debate e pode mansamente declarar-se.
Começo pousando em teu olhar com asas recolhidas porque o meu busca o delicado signo da tua alma. Como ensaiando a rota que me levará ao ninho. No chão da tua casa encontro abrigo. Não me atraem as janelas abertas. Como se cativa esquecesse a vertigem das alturas. E me tornasse oculta e intransitiva.
Por trás das cortinas o sol faz festa. E em tua cama toda a narrativa dança numa tradução de símbolos exatos. Linguagem primitiva dos reencontros. Talvez herança...
Ou “Corpo de Dança III”
(Suzana)
Nenhum comentário:
Postar um comentário