domingo, 10 de abril de 2011

Corpo de Dança III





Um depoimento aberto seria impublicável. Teria que mascarar palavras. Teria que ocultar as letras. Sem revelar. Trabalho por demais secreto, por demais cifrado, trabalho impossível.
As palavras são indomáveis aves e denunciam a migração. Elas voam e cumprem seu destino. Meu vôo aqui se faz no teu particular espaço vermelho. Onde a palavra anda nua, onde a palavra não se debate e pode mansamente declarar-se.
Começo pousando em teu olhar com asas recolhidas porque o meu busca o delicado signo da tua alma. Como ensaiando a rota que me levará ao ninho. No chão da tua casa encontro abrigo. Não me atraem as janelas abertas. Como se cativa esquecesse a vertigem das alturas. E me tornasse oculta e intransitiva.
Por trás das cortinas o sol faz festa. E em tua cama toda a narrativa dança numa tradução de símbolos exatos. Linguagem primitiva dos reencontros. Talvez herança...
Ou “Corpo de Dança III”
(Suzana)


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